top of page

2025: O ANO DE RETORNO DA TRADIÇÃO GVNIANA





Neste semestre, alunos mais antigos da FGV têm notado um movimento crescente por parte das entidades representativas em resgatar determinadas tradições e aspectos da “cultura GVniana”. Embora os motivos para isso sejam vários, é quase unânime entre membros dessas entidades a urgência em contornar a queda do engajamento do alunato e o afastamento do GVniano das tradições do “ser GV”. 


No último sábado, 15 de março, os alunos da FGV se prepararam, com seus abadás e canecas amarelos, para mais uma das várias festas da Fundação: o Churras do Direito. A edição deste semestre foi especial e representou a volta do evento para o famoso estacionamento da Rua Rocha, local onde ele era tradicionalmente realizado até 2024.1, quando dificuldades na gestão e na negociação com o espaço forçaram o Centro Acadêmico de Direito a selecionar a Unidos do Peruche para sediá-lo. 


A festa, que contou com cerca de 500 pessoas, das quais 60 eram colaboradores ligadas ao CA Direito, reuniu principalmente alunos da FGV Direito, com muitos calouros e anos iniciais marcando presença, além da já tradicional apresentação da bateria Tatubola e da torcida APA. “Como gestão de 2025, não temos nada a fazer além de agradecer imensamente a todos que vieram, ajudaram e essencialmente tornaram a volta do Churras possível”, afirma Gabriela Andreatta, atual diretora de eventos do CA Direito.


A volta à Rua Rocha é uma das ações que representa essa grande tentativa de entidades representativas em restaurar a chamada “tradição GVniana”, forma com a qual os alunos se referem ao conjunto de práticas, eventos e cultura da faculdade, criadas por e para o alunato. Sob esta lente, enquadram-se, além de festas como a GVjada e o próprio Churras, as Economíadas – jogos universitários que foram fundados pela FGV ao lado de outras universidades – e, ainda, momentos como o pós-aula no antigo Shokitos (apelidado carinhosamente de Shoks), que foi fechado no final de 2024.


Nos últimos anos, a tradição e cultura do aluno da GV foi ameaçada por diversos fatores, como a pandemia da Covid-19 e a mudança de muitos espaços ligados a esse patrimônio imaterial. O rebranding do Shokitos, por exemplo – que deu espaço a um outro estabelecimento, o Dona Chica, com pegada de restaurante de comida caseira – era, como considerado por vários alunos ligados às entidades representativas, iminente. Foram várias as tentativas de salvar o local desde a época da pandemia, mas que, infelizmente, não foram o bastante para salvar a parada obrigatória de todo GVniano, decorada com as cores e símbolos da Fundação. 


Diante dessa perda e de um crescente desinteresse por parte da história e cultura da GV, resgatar a tradição da faculdade parece ser, de fato, uma missão para as várias representativas. Para o CA Direito, que passou por dificuldades financeiras nos últimos anos, fazer acontecer o tão aclamado retorno à Rua Rocha foi especial. Como afirma Gabriela, atual diretora de eventos do CA: “Ficamos extremamente satisfeitos com o desempenho do Churras. Estamos trabalhando para realização desse evento desde dezembro do ano passado, então ver o tão famoso Churras voltar pra Rua Rocha em grande estilo foi um sonho se tornando realidade”. 


A festa foi antecedida pelo trote dos bixos da FGV Direito, que tradicionalmente ocorre momentos antes da churrascada. O trote, seja da FGV Direito ou de qualquer outra escola da Fundação, representa também uma entrada no universo GVniano e o entendimento das importantes tradições que mantém de pé o espírito dos alunos. Pedro Aguiar, membro da atual gestão da torcida Amor Preto e Amarelo (APA FGV), reflete sobre como os alunos encontram nessas coisas um pouco de escapismo da pesada rotina acadêmica da faculdade: “Acho que é um consenso geral que a FGV exige muito dos alunos, tanto em carga horária quanto na complexidade das matérias. Os eventos externos como jogos e festas são essenciais para quebrar essa rotina pesada, tornando a vivência universitária muito mais completa. Claro que os estudos são sempre prioridade, mas a faculdade vai muito além disso, é uma época única na vida do alunato e precisa ser marcada por experiências boas e alegres, é o lugar de conhecer gente nova, fazer besteira, torcer e aproveitar uma boa festa. Falando mais especificamente dos jogos, esse é o momento em que fazemos ecoar os hinos da Fundação, seguidos de um visual montado por bandeiras e pirotecnia.


Hoje, as representativas (DAGV, CA de Direito, CARI, Atlética, APA e Tatubola) possuem um papel fundamental para dar continuidade a esses conceitos que sempre foram tão caros ao aluno da FGV. Para além de cantos e tambores, “as entidades representativas da FGV são pilares essenciais para que consigamos manter o espírito universitário e o prazer de ser GVniano vivo. Na APA, falamos muito sobre esse sentimento de ser GV, que é expressado inclusive no nosso nome, Amor Preto e Amarelo, trazemos a tona inúmeras faixas e cantos que contam nossa história enquanto faculdade e exalta o espírito GVniano na sua forma mais intensa, repleta de fumaça, gritos e Preto e Amarelo. Atuando nas mais diversas áreas, todas as representativas (APA, DAGV, Tatubola, Atlética, CARI E CA) se complementam deixando a vivência universitária da Fundação Getulio Vargas mais feliz.”, afirma Pedro. 


Não apenas essas, mas outras entidades da Fundação também lutam para preservar a memória e a tradição e um momento em que muitos alunos perderam o interesse em entrar nelas. Vale lembrar que as entidades são parte fundamental dessa cultura: a FGV é hoje uma das universidades com maior número para ofertar aos alunos e foi aqui que foi criada, em 1988, a primeira Empresa Júnior do país, modelo replicado até hoje em todas as grandes universidades brasileiras. São entidades com 20, 30 ou 40 anos de história que também guardam parte importante da essência do “ser GV” como citado por Davi Yanes, atual presidente da EJ FGV: “No contexto da FGV, essas entidades ajudam a construir uma cultura dinâmica e uma tradição de engajamento estudantil, conectando gerações e preparando os alunos para além do conteúdo teórico, seja no ambiente profissional ou em sua trajetória pessoal. A EJFGV, como a primeira empresa júnior do Brasil, exemplifica esse impacto ao proporcionar experiências que aliam teoria e prática no mundo empresarial, capacitando seus membros para o mercado de trabalho.”.


A própria Gazeta Vargas, que atua como a revista estudantil oficial do GVniano desde 1998, também figura neste quadro, sendo uma das entidades mais antigas da FGV. A revista tem suas origens ainda nos anos 80, quando já atuava na veiculação de notícias e textos vinculados ao dia a dia da faculdade. Hoje, a Gazeta conta com um acervo rico que mostra a evolução dos costumes, dos problemas e da diversão do GVniano. Porém, acima de tudo, também é pilar em disseminar a cultura que permeia a vivência universitária dos alunos da Fundação. 


Seja de festas, entidades ou jogos, fato é que, por trás da construção e, principalmente, da manutenção da cultura GVniana existem inúmeras pessoas dispostas a disseminar o legado e a história da faculdade, que vai além de longas aulas e provas temidas. Muitas, ainda, reafirmam que é justamente essa a parte mais interessante e divertida da vida universitária do GVniano. A adesão e o comprometimento dos envolvidos garantem que cada uma das práticas se perpetue, semestre a semestre. 


O Churras de Direito de 2025.1 foi, como apontado pela gestão do CA, um sucesso. É muito provável que, mesmo que várias coisas tenham mudado, ele seja o início de uma importante retomada de práticas tradicionais GVnianas. Não apenas isso, a festa em si também mostra a importância de momentos onde a comunidade da Fundação se integre de fato, já que esta reúne alunos de todas as escolas, semestres e bolhas diferentes, com uma baixa presença de alunos de outras faculdades e uma celebração ímpar das cores preto e amarelo.


Uma semana depois da bem sucedida festa, mais um retorno à tradição: a GVjada de volta ao Ouro. Ou seja, de volta à quadra da escola Águia de Ouro, depois de 3 edições sendo feita em outros espaços. Após o clamor de muitos alunos, que afirmam ter vivido suas melhores GVjadas nesta quadra, as representativas envolvidas no evento garantiram que a chamada “volta pra casa” é auspiciosa. Em especial, o Diretório Acadêmico Getulio Vargas (DAGV) e a Atlética (AAGV) sentem que o retorno é um simbolismo especial para carregar os ânimos e expectativas desse semestre. Mesmo diante das dificuldades, a sensação de dever cumprido é o que garante o empenho dos envolvidos. “No grande dia, esperado por mais de mês, é quando conseguimos ver as muitas pessoas aproveitando tudo que a gente criou e é quando, finalmente, vemos como o esforço realmente é recompensado.” afirma Carol Castiel, co-diretora de eventos do DAGV.


A festa, que, em geral, conta com públicos gigantescos – neste semestre, de acordo com o DAGV, bateu até mesmo um recorde de faturamento– e, claro, é abarrotada de abadás pretos e amarelo, conta também com a presença de alunos de várias outras faculdades, que gostam de curtir o melhor que a GV tem a oferecer. No evento, a apresentação da bateria e da torcida, também muito tradicionais, é ainda maior e mais elaborada. Neste semestre, um grande palco ao fundo, com as cores da Fundação, completava o cenário que inspira qualquer GVniano a gritar em plenos pulmões os maiores cantos da faculdade. “Realizar a GVJADA é um processo difícil, mas muito gratificante. Durante os 3 meses antecedentes à festa, somos ocupados por reuniões, horas no WhatsApp e muitas ideias de temas, artistas, open bar e tudo que compõe o rolê [...] Apesar do processo difícil, ficamos muito felizes vendo o resultado de todo trabalho e os bons feedbacks. Esperamos que tenham curtido!” completa Carol Castiel em depoimento à Gazeta. 


Após um mês agitado, com duas festas tão importantes e simbólicas para os alunos acontecendo em fins de semana consecutivos, a preparação se volta para as Economíadas. Os jogos, que acontecerão esse ano de 01 a 04 de maio, em São Carlos, prometem ainda mais emoção para os GVnianos e, como apontado por diversas representativas, são o momento máximo de celebração do que é ser GV e toda a glória e tradição que a escola carrega. 



Texto: Arthur Quinello

Revisão: André Rhinow e Giovana Rodrigues

Imagem de capa: GVjada: de volta ao Ouro / Reprodução Blacktag


 

Comments


bottom of page