Muito antes do evento esportivo que tomou os olhares do mundo todo ocorrer, o Brasil já dominava o cenário futebolístico do Catar. Em outubro de 2022, a seleção brasileira, formada por jovens do Complexo da Penha, consagrou-se tri campeã na Copa do Mundo de Crianças de Rua.
Sediado pela primeira vez na África do Sul em 2010 e organizado pela instituição inglesa Street Child United, o evento ocorre a cada quatro anos no mesmo país que sediará a Copa do Mundo. Ele tem como intuito chamar atenção para o tratamento dado às crianças e aos jovens que subsistem nas ruas de diversos países. [1]
O Brasil já conquistou dois títulos na competição em anos passados. Em 2014, em solo brasileiro, a equipe formada por jovens do Complexo da Penha foi campeã e repetiu a façanha em 2018, em Moscou. [2]
Em todos os casos, o time do Brasil foi formado por jovens que frequentavam abrigos e conciliavam as atividades escolares com a Copa. [3] Yasmin, jogadora da seleção, relata as dificuldades vividas desde o começo de sua trajetória, enfatizando situações comuns a muitos jovens que vivem nas ruas:
“Por causa da cor também as pessoas achavam que eu ia roubar. É muito difícil, não compram, ignoram. Às vezes, dão resto de coisa para comer. É muito ruim”, conta a jogadora campeã da Copa do Mundo de Crianças de Rua. [4]
Apesar da alegria pela conquista da taça, a vitória brasileira busca voltar a atenção para o cenário social do país. Em 2022, o número de pessoas em situação de rua atingiu a marca de 213.371 pessoas. [5]
A redução da qualidade de vida dos brasileiros também se expressa na quantidade de menores de idade em situação de rua. Somente na cidade de São Paulo, cerca de 3759 garotos e garotas vivem debaixo de viadutos, de marquises e sobre calçadas na cidade mais rica do país. [6]
No passado, o Brasil adquiriu títulos em eventos similares, como a Copa do Mundo de Futebol de Rua, competição voltada a jovens adultos em situação de rua, em que o país já se consagra bi-campeão. [7]
Em todos os casos, porém, as vitórias adquiridas em campo pelas equipes brasileiras retratam a realidade trágica das ruas. Infelizmente, ainda não são todos que podem vestir as chuteiras de uma vida digna.
Autoria: Arthur D'Antas
Revisão: Beatriz Nassar
Imagem de capa: Jornal O Globo
Referências/Fontes:
[5] Ao menos 38 mil novas pessoas começaram a viver nas ruas desde o início da pandemia no Brasil | G1
[6] Número de crianças e adolescentes em situação de rua em São Paulo dobra em 15 anos | Brasil de Fato
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