DO SOFÁ DE CASA À SALA DE CINEMA: PELA RETOMADA DA IDA AO CINEMA NO BRASIL
- Maria Eduarda Freire
- 3 de abr.
- 12 min de leitura
Em 2024, com o fenômeno nacional do filme Ainda Estou Aqui, do cineasta Walter Salles — ganhador do inédito Oscar de Melhor Filme Internacional na premiação de 2025 para o Brasil —, e com filmes com apelo nostálgico como o Auto da Compadecida 2 e Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa, o público brasileiro parece ter reacendido a chama da cultura de frequentar o cinema. Desde a pandemia do coronavírus iniciada em 2020, ao menos metade das salas de cinema nacionais foram fechadas, devido ao enorme impacto econômico da interrupção e dos períodos de restrição às suas atividades [1]. Em um cenário completamente imprevisível e novo para todos, muitos cinemas sofreram com a falta de adaptabilidade de seu modelo para a subsistência durante os lockdowns e o público brasileiro, que já não estava mais no ápice de sua frequência às salas, foi direcionado de vez aos mercados digitais dos streamings e serviços de televisão personalizados.
Contudo, quase 4 anos depois, o que parecia ser uma situação irreversível vem se mostrando, na verdade, um campo de novas possibilidades. O efeito rebote do enclausuramento em nossas casas foi justamente a vontade de sair e voltar a frequentar os lugares — até mais do que antes. Exemplo disso é a marca recorde de 3.509 salas de cinema divulgada pela Ancine em 1º de Janeiro de 2025, número superior ao de 2019, antes mesmo da pandemia. Ou seja, a ida ao cinema está em crescimento — e isso também é visível nas bilheterias.
Apesar do público total por ano cinematográfico ainda não ter atingido a marca pré-pandêmica de 173 milhões de espectadores, houve um crescimento considerável dessa métrica nos últimos anos pós-pandemia. Em 2024, foram 125 milhões de pessoas frequentando os cinemas brasileiros [2]. Até a terceira semana de março de 2025, cerca de 25,24 milhões de pessoas frequentaram as salas de cinema, gerando renda de 483,62 milhões só no primeiro trimestre. Além disso, as sessões de filmes nacionais representaram 28,3% do total até essa data, e 29,3% do público total que frequentou os cinemas as compôs [3]. Ou seja, a proporção de pessoas que foram assistir a filmes nacionais no cinema é um ponto percentual maior do que a proporção da ocupação destes mesmos na sala, o que demonstra o consistente interesse da população no consumo de obras brasileiras.
No top 10 da lista de filmes com maior público no primeiro trimestre de 2025, três são brasileiros: O Auto da Compadecida 2 ocupa o terceiro lugar, Ainda Estou Aqui, o quinto, e Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa, o sétimo. Ou seja, na medida em que há espaço para o cinema nacional ocupar nos cinemas, o público está assistindo — e isso é um ótimo indicativo para nós [4]. Em gráfico comparativo dos períodos de 2024 e 2025, disponível no Painel Indicadores do Mercado de Exibição do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), 2025 já se mostra como um ano ainda mais otimista, com mais sessões realizadas e maior número de salas com registro de sessão por semana cinematográfica.
Então, surge a dúvida: o que está por trás do movimento de retorno às salas de cinema no Brasil? E, o que difere os países na posição adotada na guerra entre serviços de streaming e cinemas? Bom, essa questão não é simples de responder, mas há alguns bons indicativos que podem nos dar pistas para uma conclusão preliminar. O tema da cultura de ir ao cinema versus a predominância dos streamings vem sendo calorosamente discutido internacionalmente no setor do entretenimento, e foi abordado por Richard Fausset na matéria do New York Times “French Cinema Leads the Way to a Revival of In-Person Moviegoing” [5].
Em seu texto, Fausset se pauta nos dados de 2024, que apontam para o forte e quase inabalável retorno do público francês aos cinemas, em contraste com o cenário oposto observado nos Estados Unidos e outros países da Europa desde o fim da pandemia do coronavírus. O comparativo traçado por ele é interessante para analisarmos o que ocorre também no Brasil. Ao contrário dos resultados positivos das salas de cinema no Brasil, na França, Turquia e Grã Bretanha em 2024, os demais países europeus e os EUA tiveram um decréscimo em seus números nos cinemas. Soma-se a isso o fato de que o mercado cinematográfico global foi diretamente impactado no geral pelas greves dos roteiristas, atores e trabalhadores de Hollywood, que perduraram até o fim de 2023.
A Cultura do cinema na França
A França, berço oficial do cinema com a invenção do cinematógrafo pelos irmãos Lumière em 1895, mantém até hoje uma relação visceral e estruturante com a sétima arte. Desde os experimentos visionários de Georges Méliès no início do século XX, passando pelo florescimento do cinema mudo e o impacto das vanguardas artísticas, até o período de retração entre as duas guerras mundiais [7], o país construiu uma trajetória singular e contínua de valorização do cinema enquanto expressão cultural e ferramenta de reflexão social.
O verdadeiro renascimento do cinema francês ocorreu no pós-guerra, com a criação do Centre National du Cinéma et de l’Image Animée (CNC) em 1946 [8]. Este organismo público, vinculado ao Ministério da Cultura, surgiu com o objetivo de reconstruir e fortalecer a indústria cinematográfica nacional, profundamente abalada pelos conflitos mundiais [9]. Desde então, o CNC tornou-se o pilar central da política audiovisual francesa, atuando em múltiplas frentes: financiamento da criação, preservação do patrimônio cinematográfico, regulamentação do setor, incentivo à diversidade cultural, fomento à exibição nas salas e promoção internacional das obras francesas [10].
Dentre os seus mecanismos mais notáveis está a taxe spéciale additionnelle (TSA) sobre ingressos de cinema, que realimenta o próprio ecossistema audiovisual ao destinar esses recursos ao financiamento de novos projetos e à manutenção da infraestrutura cultural [11]. Trata-se de um modelo de redistribuição que, ao captar recursos do mercado, reinveste em cultura, mantendo o cinema francês economicamente sustentável.
Um dos focos estratégicos do CNC é justamente o apoio às salas de cinema, reconhecidas não apenas como espaços de exibição, mas como locais essenciais de encontro, formação de público e democratização do acesso à cultura. A França possui uma das redes de salas mais densas e descentralizadas do mundo, graças a uma política ativa de incentivos à abertura, renovação e digitalização desses espaços [12]. Destaque especial vai para as salles "art et essai", que exibem majoritariamente filmes de autor, obras internacionais e cinematografias independentes, frequentemente acompanhadas por debates, cineclubes e programações pedagógicas [13].
Além disso, há uma atenção constante à territorialização da oferta cultural: cidades médias e pequenas também recebem apoio específico, garantindo que o cinema não seja um privilégio urbano, mas um bem cultural partilhado em escala nacional [14]. Tais políticas tornam o ato de ir ao cinema um gesto cotidiano na vida de muitos franceses — e não uma exceção.
Com todo esse arcabouço, a paixão nacional pelo cinema encontra sua expressão mais visível nos hábitos culturais da população. Em Paris, como observa Fausset, o cinema está por toda parte: basta caminhar pelas ruas para encontrar salas de todos os estilos e tamanhos, muitas delas independentes, exibindo uma programação plural e contínua. Essa ubiquidade responde não apenas ao valor simbólico do cinema na cultura francesa, mas também a aspectos práticos e sociais: os lares parisienses, muitas vezes compactos e com limitações estruturais, não favorecem o consumo doméstico de audiovisual. Como destaca Jérôme Seydoux, presidente da rede Pathé, o cinema permanece, assim, um espaço insubstituível de fruição coletiva, convivência urbana e celebração da arte cinematográfica [15].
Protecionismo vs mercado
Em contraste com o modelo francês, os Estados Unidos sustentam sua indústria cinematográfica majoritariamente por meio das forças de mercado, com grande dependência do investimento privado e quase nenhum apoio público [16], além de algumas modalidades regionais de incentivo fiscal. Nesse contexto, não surpreende que, especialmente nos tempos atuais, plataformas de streaming — que atuam simultaneamente como produtoras, distribuidoras e exibidoras — tenham consolidado verdadeiros impérios audiovisuais [17]. Esses conglomerados verticais, que concentram em si todas as etapas da cadeia de valor, não apenas caminham para o domínio do mercado global, mas também impõem novas lógicas de produção e consumo, frequentemente pautadas por algoritmos e demandas de rentabilidade imediata.
Diante desse cenário de inovação disruptiva dos streamings, a sobrevivência das salas de cinema enquanto espaços culturais vivos — e do cinema enquanto prática coletiva e social — depende, em grande parte, de políticas de proteção e valorização cultural para sua resistência. É graças a uma dose consciente de protecionismo cultural que países como a França ainda conseguem preservar uma rica diversidade cinematográfica e manter viva a tradição dos frequentadores de cinema. Mais do que um gesto de resistência, trata-se da defesa de um verdadeiro hábito comunitário, em que o cinema assume um papel central na vida cultural da população, como espaço de encontro, reflexão e pertencimento.
Foi em oposição ao contexto de dominância dos provedores de streaming que o diretor de cinema americano Sean Baker se posicionou em sua fala de agradecimento pelo Oscar de Melhor Filme por "Anora". Baker fez um apelo à volta do público aos cinemas nos Estados Unidos, em direta afronta às gigantes — e cada vez mais onipresentes — plataformas de streaming. O seu “grito de guerra”, como ele próprio anunciou, foi também para pedir que os cineastas continuem fazendo filmes para as telonas, enfatizando que ele continuará [18]. Aos demais, Baker apelou:
“Distribuidores, por favor, concentrem-se em primeiro lugar nos lançamentos de seus filmes nos cinemas. Pais, apresentem seus filhos aos filmes de longa-metragem nos cinemas e vocês estarão formando a próxima geração de cinéfilos e cineastas. E para todos nós, quando pudermos, por favor, assistamos a filmes em um cinema e mantenhamos a grande tradição da experiência de ir ao cinema viva e bem.” [19] (Tradução livre)
Esse debate deixa o convite à reflexão sobre a importância da preservação da cultura em seus “velhos” formatos. Afinal, a quem interessa a manutenção dos cinemas? Claro, às redes de cinema, mas também ao costume de uma população que tem as salas como espaço de lazer e reflexão.
E onde o Brasil se situa em meio a tudo isso?
Entre a exclusividade e a democratização
Ao mesmo tempo em que surgem novas experiências "VIP" de cinema e os preços dos ingressos em salas comerciais seguem em alta, observa-se um movimento contrário: o aumento de incentivos estatais e de fundações culturais para que os cinemas independentes se tornem mais acessíveis à população [20]. Esse movimento é notório especialmente em tempos de fôlego para a cultura após a pandemia do Covid-19 e a saída de Jair Bolsonaro da presidência, o qual manteve uma política aversiva às artes, com o desmantelamento do Ministério da Cultura no seu governo.
O acesso desigual às salas de cinema
Quem fez o ENEM em 2019 deve lembrar do tema da redação: "Democratização do acesso ao cinema no Brasil". De fato, o cinema ainda não é um bem cultural amplamente acessível — mas há avanços.
No Brasil, a maioria das salas de cinema está localizada em shoppings [21], geralmente nas áreas mais nobres e centrais das cidades. Os preços dos ingressos em cinemas comerciais podem ultrapassar os R$80,00 (valor de inteira) em salas VIP [22], enquanto a média nacional foi de aproximadamente R$19,70 em todas as salas em 2024 ao redor de todo o país, o que representa cerca de 1,4% do salário mínimo no mesmo ano. Contudo, a diferença de preços entre cidades pode chegar a 343%, com São Paulo e Rio de Janeiro apresentando as médias mais altas [23]. Quando somados os custos com alimentação, transporte e estacionamento, a ida ao cinema se torna inviável para muitas famílias brasileiras. Essa estrutura reforça a exclusão e, assim, o acesso ao cinema comercial é frequentemente limitado por fatores socioeconômicos e territoriais.
As salas de arte e os cinemas independentes como resistência cultural
Na contramão do circuito comercial, existem os cinemas de rua, universitários e salas de arte, que exibem também produções fora do circuito hegemônico — como o cinema nacional, latino-americano e produções independentes. Durante a pandemia, esses espaços foram os mais afetados. Muitos fecharam as portas, e outros só resistiram graças a políticas emergenciais, como a Lei Aldir Blanc, e o apoio de fundações como o Itaú Cultural. O histórico Cine Glauber Rocha em Salvador, por exemplo, foi salvo por um movimento de resistência popular que mobilizou investidores a salvar o espaço, angariando o suporte do Grupo Metha após saída do Itaú [24]. O Belas Artes em São Paulo, símbolo da cinefilia paulistana, também enfrentou risco de fechamento, contando hoje com o apoio privado da REAG Investimentos [25].
Atualmente, essas salas vivem uma retomada. Muitas contam com um público fiel — especialmente pessoas mais velhas — que veem ali um refúgio diante da modernidade frenética dos streamings. Uma alternativa cultural que resgata o tempo desacelerado da experiência coletiva.
Avanços na política pública
A partir de 2023, o Governo Federal passou a implementar um plano robusto de recuperação do setor cinematográfico [26], com destaque para o programa BNDES FSA Audiovisual [27]. Em 2024, o BNDES anunciou a retomada de apoio ao setor, com R$ 400 milhões em investimentos, focando em três frentes de crédito [28]:
Infraestrutura, com a construção e modernização de salas;
Inovação e acessibilidade, incluindo tecnologias para pessoas com deficiência;
Produção e comercialização de conteúdo, com foco também na internacionalização.
Os impactos desse aporte refletem no número recorde de salas de cinema no país, registrado no início deste ano, e na crescente frequência do público brasileiro ao cinema.
Contudo, apesar da expansão física das salas, a disputa com os streamings é inevitável. A pandemia acelerou mudanças no setor: o que antes era proibido — lançar filmes diretamente nas plataformas — hoje é comum. A janela de exclusividade das salas ficou mais curta e, muitas vezes, é ignorada. Na França, por outro lado, leis impedem que filmes recém-lançados entrem imediatamente nas plataformas de streaming. Existe uma proteção legal à cadeia exibidora, acompanhada de um forte subsídio estatal [29].
O cinema como experiência coletiva e bem cultural
Mais do que um produto, o cinema é uma experiência sensorial, coletiva e simbólica. Preservar essa experiência — por meio de políticas públicas, iniciativas privadas e envolvimento popular — é garantir que o cinema permaneça como espaço de encontro e formação cultural. O movimento de resistência das salas independentes, o retorno dos investimentos públicos e a valorização da experiência cinematográfica são sinais de que ainda há espaço para o cinema no mundo pós-streaming. E que esse espaço, cada vez mais, precisa ser plural, acessível e descentralizado.
Assim, o que podemos responder quanto à cultura de frequentar os cinemas dos brasileiros, neste breve esforço de identificar as variáveis que contribuem para esse efeito, é que o cenário brasileiro atual revela uma coexistência paradoxal: ao mesmo tempo em que há a retomada de salas mais acessíveis, sustentadas por políticas públicas e esforços coletivos, também florescem experiências de luxo voltadas às elites, reforçando a segregação histórica do acesso à cultura.
O brasileiro gosta de cinema. O brasileiro é, sim, um público engajado — e não é à toa. Basta observar a comoção gerada por coletivas de imprensa de filmes populares ou a chegada de artistas internacionais ao país. Somos protagonistas no debate digital, capazes de elevar um filme como Ainda Estou Aqui à corrida do Oscar por meio de campanhas nas redes, hashtags e mobilizações espontâneas. Existe desejo, paixão e pertencimento.
O que nos diferencia, talvez, da cultura cinematográfica francesa não é a ausência de amor pelo cinema, mas sim de condições estruturais e continuidade política. A França tem essa tradição de longa data e uma população que pode plenamente usufruir dela. O Brasil, não. A França tem um arcabouço de incentivos robusto e uma política perene de manutenção da cultura em patamar de prioridade nacional sem grandes flutuações entre governos, de forma quase unânime na dimensão em que as indústrias culturais são apoiadas. O Brasil, por sua vez, flutua entre governos que apoiam a cultura e governos que a desmontam. Ou seja, mais do que uma aptidão ou uma vontade da população, a “cultura de frequentar os cinemas” é, antes de tudo, algo político.
O caso dos Estados Unidos também ilustra outra faceta dessa questão: lá, o mercado dita as regras. É inegável a força e o sucesso do cinema estadunidense, mas subsídios e incentivos são limitados, e o risco de retrocesso aumenta com governos como o de Donald Trump, em aliança com figuras como Elon Musk e Jeff Bezos — representantes de um modelo concentrador de poder e narrativa. A cultura, nesse cenário, torna-se um produto premium, refém da lógica do lucro. Ou seja, se as salas de cinema estão perdendo espaço na vida do americano para a praticidade do streaming, nada vai impedir que os cinemas desapareçam, além de gritos como o de Baker ou alguma comoção popular que talvez não tenha forças para reverter esse cenário.
Bom, está evidente que a manutenção de um certo “luxo” que é a cultura no sistema capitalista depende de uma harmonia política em prol disso. Não é uma escolha individual tão fácil. O comerciante da periferia de São Paulo dificilmente encontra um cinema atravessando a rua, como o vendedor de flores na França encontra. Não é tão simples assim. A experiência cinematográfica no Brasil ainda é, em muitos casos, uma travessia. Por isso, os dados positivos e crescentes do cinema no Brasil são muito significativos, são símbolos de uma guinada política e de uma população que quer ter acesso a esses espaços.
E, finalmente, citando nosso querido ex-Ministro da Cultura Gilberto Gil, faço meu grito de guerra à la Sean Baker: a cultura não deve ser luxo, ela não é extraordinária, é uma necessidade básica das mais ordinárias, como feijão com arroz. Então, governos, empresas e pessoas, vamos todos defender o nosso país através da cultura, reconhecendo a força que ela nos dá — e que isso não mude de quatro em quatro anos.
O Cineclube FGV é um espaço que busca fomentar a cultura do cinema e do debate de forma que transborde o ambiente universitário. Dito isso, temos vários cinemas perto da GV, para todos os gostos, em shoppings, nas ruas… Então, para além do convite a uma de nossas sessões, convidamos você, Gvniano, a visitar um cinema perto da Fundação ou de sua casa e manter essa experiência viva entre nós.
Texto: Maria Eduarda Freire
Revisão: André Rhinow, Giovana Rodrigues e Raquel Guimarães Foto de capa: Cinesala/ reprodução
Referências:
[8] https://www.cnc.fr/a-propos-du-cnc/actualites/le-cnc-fete-ses-75-ans_1565725#:~:text=Cr%C3%A9%C3%A9%20le%2025%20octobre%201946,art%20aupr%C3%A8s%20du%20grand%20public.
[9] https://www.economie.gouv.fr/daj/lettre-de-la-daj-soutien-public-au-cinema-francais-rapport-du-senat
[14] https://www.cnc.fr/cinema/etudes-et-rapports/statistiques/datavisualisation-la-geographie-du-cinema
[16] https://filmenomundo.wordpress.com/2014/02/14/financiando-cinema-nos-eua/#:~:text=No%20caso%20de%20coprodu%C3%A7%C3%A3o%20com,%C3%A9%20muito%20importante%20para%20Hollywood.
[23] ttps://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/05/24/de-r-6-a-r-27-compare-o-preco-do-ingresso-de-cinema-em-430-cidades-brasileiras.ghtml#
Referências gerais:
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