“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.”
Oscar Wilde
Às vezes eu queria parar de viver por um segundo, não porque sou triste, mas porque cansa não poder desistir e só existir. Se eu fosse uma telespectadora da minha vida, a vista seria bem mais colorida, poderia desfrutar dessa circunstância, de ver tudo à distância. E se minha vida fosse um seriado? O enredo seria sempre rascunhado. Mas não seria eu a escrever essa obra do meu viver.
Acabei de mudar de temporada, vivo uma nova jornada, com cenários originais e personagens acidentais (inclusive os principais). A alguns cabe encontros anuais, e a outros chegou o momento de partir. Será que já estou pronta para me despedir?
E, assim, pergunto para um possível telespectador: para que par romântico você torce? Aquele por quem sinto amor, ou dor? Os fãs sempre têm mil opiniões, sobre esse clichê muito famoso: o de triângulo amoroso. Gostaria de saber, nessa minha odisseia, quem ganharia o coração da plateia? Quem eles aprovariam? Quem odiariam? Na verdade isso pouco importa, porque eu sempre fui teimosa e a opinião alheia não me conforta. Pergunto-me então para qual EU torço? Para o amor da minha vida passada ou para aquele que demonstra esforço? Para um relacionamento que acabou de começar e já tirou meu chão, ou um relacionamento que nunca me causou confusão?
Porém não preciso decidir isso até a temporada acabar, ou melhor, até vocês entenderem que não é uma questão de me acalmar. Minha vida é uma série e eu sou a personagem principal, mas não tenho controle total. Espero que você, meu telespectador, não seja exigente, porque a minha história de amor é um pouco diferente. Não tenho só um amor, só um casal pelo qual torcer — eu amo de maneira múltipla, esse é o meu jeito de ser. Mas, ao meu ver, há só uma questão: preciso escolher uma opção?
Autoria: Elis Montenegro Suzuki
Revisão: Enrico Recco e Anna Cecília Serrano
Imagem de capa: Julia Zilio, 2023
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