top of page

MIU MIU E O PODER DO DESEJO


A Miu Miu ficou em primeiro na lista de hottest brands da Lyst Index provando, mais uma vez, ser mais do que a irmãzinha jovem e descolada da Prada. A marca italiana de luxo foi fundada em 1993 como uma linha mais jovem e irreverente da gigante Prada e tem um nome que vem do apelido de infância da mente criativa por trás da marca, Miuccia Prada. Desde o início, a grife se destacou por sua abordagem ousada, feminina e experimental, contrastando com a sofisticação minimalista da “irmã mais velha”. E não demorou para chamar a atenção do novo mercado consumidor e ser colocada pela Lyst Index, barômetro das marcas mais desejadas do mundo, no topo por meses consecutivos. Não foi um golpe de sorte. Foi uma estratégia bem executada, que combinou nostalgia e modernidade, tendência e atemporalidade, exclusividade e acessibilidade.


O Lyst Index é o ranking trimestral que classifica as marcas de moda mais cobiçadas globalmente, baseado em dados de comportamento de compra, menções sociais e engajamento digital. Ele é produzido pela Lyst, uma plataforma global de busca de moda de luxo. Estar no topo por anos consecutivos é grande, bem grande. 


Entusiastas da moda acreditam que a micro-minissaia foi o ponto de virada. Pequena no tamanho, mas gigante no impacto. Tornou-se um ícone cultural, referenciada em desfiles, editoriais e redes sociais. Não é apenas uma peça de roupa, mas uma afirmação estética e social, carregada de energia jovem – a mesma que impulsiona a Geração Z, o novo mercado consumidor do luxo. Para esse público a moda é cada vez mais moldada pela viralização, pelo desejo instantâneo e pela lógica das microtrends, onde a compra por impulso e a estética efêmera ditam o ritmo. Dito isso, também conclui-se que em meio a tanta efemeridade a marca não teve um momento isolado de crescimento. O sucesso veio de uma construção sólida: o equilíbrio entre peças virais e clássicos como bolsas de matelassê, cardigans de cashmere e biker boots.


A Miu Miu também soube expandir-se de maneira estratégica. Apostou em bolsas estruturadas como a Arcadie, calçados em colaboração com a Church’s e um toque esportivo com a New Balance. Ampliou sua presença sem perder identidade, chamou a nova geração sem perder o bom gosto. Agora, prepara-se para entrar no segmento de fragrâncias com a L’Oréal, antecipando uma nova fase de crescimento.


Enquanto outras marcas multiplicam lojas, a Miu Miu seguiu outro caminho. Reduziu pontos de venda físicos, mas aumentou a eficiência – Abriu flagships em pontos-chave de Paris, Milão e Londres investindo em espaços estratégicos e uma experiência mais exclusiva e atrativa. Para além, reforçou a comunicação com campanhas e desfiles que desafiam padrões, trazendo um casting diverso e uma narrativa forte – Na última Paris Fashion Week apresentou Gigi Hadid, modelo em alta entre os mais jovens, e Kristin Scott Thomas, atriz britânica veterana, lado a lado – novamente conquistando a geração mais engajada e “cronicamente online”. 


Mais do que vender produtos, a marca criou um desejo compartilhado. Hoje, para falar a língua da Miu Miu, não é necessário comprar uma minissaia: basta adaptar uma peça que já se tem para fazer parte da trend. Essa abordagem fez mais barulho do que qualquer orçamento de marketing poderia permitir.


A Miu Miu não apenas acompanhou a mudança da moda – ela a liderou. Ensinou que o segredo do sucesso é fazer barulho sem gritar. Em um momento em que o luxo precisa ser desejado sem parecer inatingível, a marca encontrou a fórmula certa. Um paradoxo perfeito para o luxo contemporâneo. Ela é cool, mas sofisticada. Retrô, mas moderna. Funcional, mas cheia de personalidade. E assim, enquanto o mundo tentava entender o que estava acontecendo, a marca foi subindo no Lyst Index até ocupar o topo – e não sair mais de lá.


É fato que a moda está mudando e o novo consumidor já não quer só um logo estampado. Ele quer um sentimento, uma experiência. E a Miu Miu conseguiu capturar essa sensação de maneira única. Hoje, ela não é apenas a irmã mais nova da Prada. Ela é a rainha do desejo na moda e esperamos ansiosamente quem ousará tirá-la desse trono. 


Autoria: Rafaella Butori

Revisão:André Rhinow e Artur Santilli

Imagem de capa: Reprodução Miu Miu©




0 comentário

Comments


bottom of page