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O PRÍNCIPE QUE NUNCA VIROU REI


Neymar de volta ao Santos. Para muitos “neymarzetes”, esse acontecimento foi algo incrível e muito bom. Contudo, eu, um grande fã do Ney – apelido usado pelos torcedores –, fiquei triste ao saber da notícia. Ao voltar para o Brasil, ele assumiu que o que um dia esperavam dele não se realizaria. Ele não vai ganhar uma Bola de Ouro jogando aqui e, muito menos, chegará novamente ao auge da sua forma física para buscarmos o hexa.


De volta ao país que o revelou, Neymar terá um contrato curto: seis meses. Estima-se que ele jogará o Campeonato Paulista e parte do Brasileirão. Ele saiu do time saudita Al-Hilal, onde ganhava R$100 milhões, segundo o L'Équipe. Contudo, o investimento do time árabe não se concretizou em bom futebol, principalmente por uma lesão no joelho que o afastou dos gramados por um ano e quatro dias, o craque foi retirado dos planos da equipe pelo técnico Jorge Jesus.


Claro, eu gosto de ver o Neymar jogar, e é ainda melhor vê-lo na TV aberta em pleno domingo às 4 da tarde. Mas sinto que ainda não era hora. Ver o Ney brilhar em uma Champions League é muito diferente de assistir à incrível partida de Santos x Botafogo de Ribeirão Preto (com todo respeito ao Botafogo).


Se gostamos de considerá-lo como o melhor, vamos compará-lo aos melhores. Onde estavam Messi e CR7 com 33 anos? Cristiano vencia, pela quinta vez, (a terceira consecutiva) a Champions League. Messi foi o artilheiro da La Liga de 20/21. Portanto, se aqueles que gostamos de usar como comparativo ainda estavam em ótimos momentos em suas carreiras, por que Neymar não poderia estar? É compatível a comparação dos fãs com dois dos maiores jogadores da história, mesmo que em uma idade não tão avançada suas carreiras estivessem em rumos completamente diferentes?


Mesmo com essa repentina mudança de ares, foi uma tragédia anunciada. Essa guinada na carreira do Ney foi apenas a última pá de cal na esperança de uma mudança na vida profissional do atleta. Antes disso, tivemos notícias polêmicas fora de campo (traições no relacionamento, projeto de privatização das praias e envolvimento com políticos) e uma transferência inusitada para o ascendente, mas ainda fraco, campeonato árabe. Para os fãs, ainda há esperança de que ele vença o Ballon d'Or e uma Copa, mas, de maneira mais realista, o próprio Neymar trilhou uma trajetória que o distanciou disso.


O principal problema foi a maneira como os erros foram sendo cometidos. Parece que Neymar foi perdendo a gana de jogar bola, como se simplesmente tivesse cansado e voltado para o único lugar que ainda o queriam e o amavam.


Nada disso, claro, muda o quão mágico ele foi para as gerações que cresceram vendo-o jogar. Os dribles, os gols, as dancinhas, os penteados, os #NeyDay durante a pandemia… É fato que ainda terão pessoas que aprovam essa transferência ao Santos, porém, para mim, ficou claro que o último gás, que poderia ter sido usado para atingir grandes conquistas, foi desperdiçado.


Independentemente dos resultados esportivos, o tamanho do Neymar para o Brasil e os brasileiros é gigantesco e inegável. Contudo, tudo isso é constantemente mascarado pelas inúmeras decisões erradas do atleta. 


Mesmo com essa visão pessimista, eu espero, do fundo do meu coração, estar errado. Que, daqui alguns meses, eu pague a língua e volte a me encantar com o que joga o Príncipe. E quem sabe um dia, veja ele virar Rei. Texto: Tiago Colin

Revisão: Artur Santilli e Giovana Rodrigues

Imagem de Capa: Divulgação Santos FC



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