Todo escritor já presenciou isso: um bloqueio mental. Você pensa, pensa e nenhuma ideia boa parece fluir da sua mente. Por isso odeio escrever com prazos, normalmente tento escrever antes para não ter a pressão de “tenho que acabar agora”, mas ao mesmo tempo eu não funciono muito sem a pressão, eu preciso procrastinar tudo até o último segundo. O resultado então: esse texto que escrevo para vocês.
Uma vez, uma amiga minha me disse que a melhor maneira de contornar um bloqueio de escrita é escrever sobre ele. Me restou ouvir suas sábias palavras, pois não sairia nada a mais do meu cérebro. Não agora pelo menos. Sendo franca com vocês, eu tinha ideias do que escrever, tinha milhares delas, mas nenhuma me agradava, nenhuma me dava vontade de mergulhar em um texto, e provavelmente vocês teriam um texto meia boca, mal escrito, e com alguns resquícios de angústia na escolha de palavras.
Vou mostrar um pouco de minha ideias, mas não liguem que a minha mente é um pouco bagunçada e que alguns pensamentos são tão intangíveis que serão difíceis de desvendar. Não é a primeira vez que passo por isso, por isso gosto de ter algumas cartas na manga.
Pensei em falar sobre a diferença da vida de cada um na pandemia e agora, mas talvez esse tema esteja ultrapassado demais.
Pensei em uma citação que acho linda, mas não sei ainda como desenvolvê-la, como dar vida e cor para uma frase tão curta.
Pensei em um texto sobre autoestima, talvez, sobre como quebramos promessas que fazemos a nós mesmos, mas me parecia um texto de “autoajuda” demais.
Pensei em falar sobre uma série que se chama “Skins” e sobre como a adolescência é retratada de um jeito romantizado, mas achei que o texto ficaria raso, afinal, será que eu realmente entendo qual é essa banalização?
Pensei em escrever sobre a idealização de um certo alguém, quando colocamos num pedestal a ideia de uma pessoa que foi fabricada pela nossa mente, a ficção de alguém perfeito. Essa é uma ideia boa, mas não conseguiria desenvolver nada a partir disso. Nada.
Pensei na ideia de infinidade, a ideia de que quando duas pessoas deixam de se amar, o amor ainda continua lá, mas ele reside somente nas memórias e não na realidade. É meio que o oposto da ideia anterior.
Pensei em um lindo poema que daria um texto sensacional, mas talvez eu não seja a pessoa ideal para escrevê-lo.
Pensei em trazer para o mundo que é o comum entre nós: a GV. Adoro escrever sobre a GV, mas não sei exatamente o que falar sobre agora, nas férias.
Não vou mentir, agora que parei para pensar me parece que tenho mil ideias, mas todas tem um porém.
Talvez algum dia essas ideias deixem de ser ruins aos meus olhos, afinal, quando vieram à minha mente pareciam uma boa ideia. Por hora, continuo a achá-las horríveis. Por hora, continuo com a mente vazia, sem história alguma para contar.
Queria também escrever algo diferente do que eu escrevo sempre, mas parece que não consegui fugir disso (dessa vez). Acho que não gostei tanto dessa ideia que escrevi, espero que pelo menos alguém se identifique com a angústia que senti. E me desejem sorte para que o próximo texto não seja tão parado quanto esse aqui, se não me sentirei vazia demais.
Autoria: Elis Montenegro Suzuki
Revisão: Ana Carolina Clauss e Laura Freitas
Imagem de capa: Acervo Pessoal
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